Oscar 2008 – Parte 3

A cereja do bolo
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Muitos não admitem, mas quando se trata de atuação a torcida nem sempre leva só isso em consideração. Por mais que a Charlize Theron seja uma atriz de talento, ela ganhou muito destaque (e, porque não dizer, o Oscar) por ser linda e parecer feia na tela. Mas o esforço valeu (para ela).
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Na categoria de ator coadjuvante, há o favorito da crítica Javier Bardem. É um caso clássico. Ele já fez diversos papéis excelentes, como em Mar Adentro, e já foi indicado ao Oscar por outro trabalho (no caso, Antes que Anochezca), mas não levou o prêmio para casa. É provável que esse ano ele ganhe essa cobiçada peça de decoração para sua sala de TV, mas, por enquanto, ele não está sozinho. O irmãozinho de Ben, Casey Affleck, também tem sua torcida por causa do irmão; por ser bonitinho; por merecimento; e, talvez, quem sabe, por ter matado o rival de todos os homens, Brad Pitt (na ficção, gente). Já Phillip Seymour Hoffman quer fazer um parzinho e tem a vantagem de ser querido pela academia (além de talentoso). Por último, com um pouco menos de torcida brasileira, o veteraníssimo astro da TV americana, Hal Holbrook, e o astro da TV britânica Tom Winkinson. Não se surpreenda se você não reconhecer a cara do vencedor.
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Mas quando o assunto for melhor atriz coadjuvante, ao menos um rosto você terá que reconhecer. O de uma atriz australiana que aparece todo ano. Não, Nicole Kidman não faz nada que mereça destaque há um bom tempo... Mas Cate Blanchett sim. Aqui ela aparece por sua atuação em I’m not There (Não estou lá) e mais pra frente ela aparece de novo. De coadjuvantes da loira estarão Ruby Dee, também veterana da TV, (espero que ela vá de óculos); a fofurinha Saoirse Ronan (só faltava o José Wilker torcer para ela); a talentosa Amy Ryan; e a eterna White Witch, Tilda Swinton, com sua beleza própria.
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E já que estou falando das mulheres... Cate Blanchett surge novamente (e novamente entre as favoritas) por um papel que quase lhe rendeu o Oscar nove anos atrás, o da rainha Elizabeth I. O problema de Cate é que nessa categoria a briga está feia. Ellen Page, a mais nova, foi uma das atrizes mais elogiadas em 2008, considerada a alma de Juno. Marion Cotillard encarnou Piaf em uma atuação visceral. Laura Linney é querida e está em sua terceira indicação. Já Julie Christie ganhou em 1966, talvez a Academia queira homenageá-la com uma nova estatueta. Sem querer ofender, mas no TV stars here, baby.
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A briga delas pareceu boa? A deles é mais legal. Daniel Day-Lewis quase nunca faz filmes, mas quando faz, faz muito bem. George Clooney e Johnny Depp têm aquele conjunto de beleza, talento e carisma que é a alma da festa. Tommy Lee Jones é o veterano que nunca pode ser desconsiderado, ainda mais esse ano, quando poderia estar concorrendo consigo mesmo se isso fosse permitido, mas a academia preferiu indicá-lo por In the Valley of Elah e não por No Country for Old Men (o que é um pouco suspeito). Viggo Mortensen merece ganhar só por sua cara de mal (acreditem se quiserem), mas talvez isso não seja suficiente.
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Pausa para aviso importante. Chegou o momento de mencionar aquele nosso amiguinho roedor que estava esquecido. Fim da pausa. Mas não é só de homens e mulheres que vive o cinema. É de idéias e trabalho em equipe. Como tudo começa com as idéias, os roteiros devem ser premiados. Aos originais: Ratatouille, confirmando sua posição de grande animação do ano (não garante nada aqui); Juno, o mais elogiado (a única crítica ruim é que chamam o filme de indie, mas esse ruim é relativo); Michael Clayon (sim, esse é o nome original de Conduta de Risco), também um dos favoritos; o divertido Lars and the Real Girl (rezem para um dia chegar ao Brasil); e, por fim, The Savages, o filme com a Laura Linney que não deixa de ter esperanças (chega aqui em março).
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Entretanto, nem todas as idéias precisam ser novas para ser boas. Aliás, aproveitar idéias antigas é sempre uma ótima idéia. Para quem acredita nisso, há a boa briga entre alguns dos favoritos da noite (que também irão se enfrentar em diversas categorias apresentadas nos posts passados e nas que virão). No Country for Old Men, There Will be Blood e Atonement. Perto deles, os elogiados Away from Her (Longe Dela) e Le Scaphandre et le Papillon parecem ser humildes. Não se engane.
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Ah... Faltam só duas categorias. E elas são tão ligadas que vou comentar em conjunto. O responsável pelo conjunto do filme e seu resultado final é o diretor, mesmo que os produtores metam o bedelho. Por isso, os prêmios de Melhor Filme e Melhor Diretor geralmente, mas não necessariamente, são dados ao mesmo filme. There will be blood, No Country for Old Men, Michael Clayton e Juno aparecem nas duas categorias, ou seja, têm chances. Atonement, apesar de ter recebido sete indicações ao todo, só aparece em Melhor Filme. Já Le Scaphandre et le Papillon só surge em Melhor Direção (já avisei que o filme não é coisa pouca). Entre os quatro já citados, Michael Clayton, também com sete indicações, é o de menor destaque. E Juno, apesar de trazer sangue novo e ser muito bom não tem “cara de Oscar”. Mesmo essa cara nova que está se formando com prêmios mais polêmicos e para filmes mais dinâmicos (a era dos dramalhões deu uma pausa). Dessa maneira, é provável que a noite de glória seja dos irmãos Joel e Ethan Coen (No Country for Old Men) ou de Paul Thomas Anderson (There will be Blood).
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Os velhinhos da Academia podem surpreender? Podem. Acho até que eles vão tentar, mas, convenhamos, eles já viram bastante sangue em 2007. Eu estou feliz por eles terem dado destaque a tantos filmes bons e merecedores de serem vistos e apreciados. O bom do Oscar é que a indicação vale muito e é lembrada posteriormente com honra. Claro, ganhar dá mais dinheiro em contratos futuros, mas faz parte da brincadeira (ou do cruel show business).

Um comentário:

  1. Estava justamente pensando quando iria se completar a sua crítica com relação aos indicados ao Oscar...

    Este domingo, irei assistir, como todo bom cinéfilo...

    Mas, será que o filme do ratinho ganha? (Vergonha de digitar o filme agora, rs)

    =D

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