Oscar 2008 - Parte 4

Thank you very much
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Uma pequena frase muda que mudou a noite. Está certo que ninguém gosta de discursos gigantescos, mas o limite de tempo imposto estava ridículo. Até que o apresentador Jon Stewart trouxe Markéta Irglová de volta ao palco. Em um dos discursos mais bonitos da noite, daqueles que as pessoas praticam no banho com a embalagem de xampu, Markéta falou tudo o que tinha direito[1] e que não pode falar antes, porque Glen Hansard, seu companheiro no prêmio de melhor canção original, havia estourado o limite.
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E se Enchanted, com três indicações nessa categoria não levou, já dá para perceber que o clima não era chuvoso só do lado de fora do Kodak Theatre. Mas embora muitos não tenham ganhado nada, vários ganharam pouco. Em 24 categorias, 17 filmes premiados. Em uma festa de piadas boas e não mais que isso, os prêmios se dividiram de maneira justa, mas até o blogueiro oficial da Academy sentiu falta de animação.
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Quem não levou? Além da falta muito sentida de filme como 300, alguns filmes merecedores saíram só com a participação. Across the Universe, American Gangster, The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford, I’m not There, Le Scaphandre et le Papillon, entre muitos outros que mereciam um pouco de glória. Mas não é possível agradar a todos.
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Aos felizes vencedores. Juno estava concorrendo apenas nas categorias ditas grandes. Mas, embora humilde, o filme não é qualquer coisa. Diablo Cody ficaria feliz só com a piadinha no início da festa e a badalação, mas agora seus roteiros estarão super valorizados. Palmas para o melhor roteiro original!
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Outro filme que prometia muito, mas estava somente na companhia de pesos pesados, era Atonement. Vencedor de melhor trilha original, o filme recebeu sete indicações e passou meio batido. É quase a mesma situação de Michael Clayton. Embora a vitória da atriz coadjuvante Tilda Swinton tenha dado um brilho ao filme, a verdade é que ficou um certo gostinho de derrota. A propósito, eu posso não sou muito boa para essas coisas, mas acho que a Tilda poderia ter feito uma escolha melhor de vestido. Ela é uma mulher muito altiva e não usa isso a seu favor.
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Mas nem todos acham que um é pouco. Elizabeth: The Golden Age, The Golden Compass, Sweeney Todd e Once são os filmes que, se tivessem rosto estariam sorrindo de orelha a orelha, felizes por terem sido lembrados. Todos são ótimos e estar entre os vencedores já é muita coisa. Elizabeth: The Golden Age levou a clássica vantagem dos filmes de época na categoria de melhor figurino, a primeira da noite (e sem o glamour do ano passado). The Golden Compass foi lembrado pelos efeitos especiais, similares, mas melhores, que os de The Chronicles of Narnia, indicado ano passado. Sweeney Todd ganhou pela belíssima direção de arte de Dante Ferretti (o sotaque da esposa dele deveria ganhar como o mais fofo). E, por fim, Once ganhou o já mencionado prêmio de melhor canção original.
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Outro filme que só viu a cor de uma estatueta foi Ratatouille. A aposta dele para melhor longa de animação era praticamente certa, reforçada pelas outras indicações (Persepolis não recebeu nem a indicação de melhor filme estrangeiro, mesmo tendo sido escolhido para representar a França). Se ganhasse em mais alguma seria uma surpresa, mas ficou dentro do esperado.
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Outros filmes que vão levar um único Oscar para casa são aqueles que só tinham uma chance. Ou seja, Freeheld, Peter and the Wolf, Le Mozart des Pickpockets, Die Fälsher e Taxi to the Dark Side ganharam em 100% das categorias em que foram indicados. Uma média de dar inveja a muitos grandes filmes por aí!
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A última categoria de vencedores de um Oscar só é a de Oscar Honorário. Robert Boyle foi indicado na categoria de melhor direção de arte quatro vezes (1960, 1970, 1972 e 1977) e pareceu satisfeito por finalmente ganhar. A comoção não foi tão grande quanto a Ennio Morricone, no ano passado, mas foi uma ótima lembrança da academia.
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Saindo do um e indo para os patos da lagoa. Apenas dois filmes levaram um parzinho de Oscars para brincar com as Barbies: La Môme e There will be Blood. O primeiro ficou mais do que satisfeito. Marion Cotillard quase chorou quando foi anunciado o prêmio de melhor maquiagem, imagine então como ela se sentiu ao ganhar ela mesma o Oscar de melhor atriz. Até a concorrente Cate Blanchett ficou emocionada (ou disfarçou bem, não podemos negar que ela é uma senhora atriz). Já There will be Blood não comemorou tanto assim. Considerado por alguns como o grande favorito da noite, o filme só conseguiu o já certo Oscar de melhor ator para Daniel Day-Lewis (repare que só europeus foram premiados pela atuação) e o prêmio de melhor fotografia. Mas a equipe não pode se dizer surpresa. Depois de perder na categoria de melhor roteiro adaptado (a décima apresentada), era visível que as chances do filme não eram grandes e como na edição (décima quarta) a sorte não foi melhor...
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Por falar em sorte, acho que The Bourne Luckyness seria um título interessante, mesmo que não congruente, para o possível quarto filme da série protagonizada por Matt Damon. Depois de ter ignorado os dois primeiros filmes, a academia se rendeu a The Bourne Ultimatum e sem querer querendo, o filme se tornou o segundo mais premiado da noite. Está certo que edição de som, mixagem de som e edição não estão entre as categorias mais cheias de glamour, brilho e badalação, mas são três Oscar de qualquer jeito! Aproveito para frisar que a edição deveria ser mais valorizada.
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Fechando minha série de posts dedicada ao Oscar 2008: No Country for Old Men. Boa parte dos críticos apostava nesse filme e não ficou desapontada. Ele é realmente ótimo e mereceu. Logo de início, Javier Bardem era uma certeza para melhor ator coadjuvante (início mesmo, sexta categoria da festa). Mas foi depois de melhor roteiro adaptado (décima) que o filme arrancou para não ser mais segurado. Tanto que nem esperaram os irmãos Coen voltarem para a platéia depois da vitória de melhor direção e a cara de paisagem dos dois ao ser anunciado que o filme deles era o melhor foi tida como natural.
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E que venha o Oscar 2009!
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[1] (...) it's just to prove no matter how far out your dreams are, it's possible. And, you know, fair play to those who dare to dream and don't give up. And this song was written from a perspective of hope, and hope at the end of the day connects us all, no matter how different we are.

2 comentários:

  1. Eu não assisti ao Oscar.

    E, como não vi boa parte dos filmes que estavam concorrendo (ê, Maringá...), só aguentei ler a quarta parte desse post mostrengo.

    Você me perdoa, né?

    Atééé!

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  2. Pois é... Acabou...

    Não tive condição de assistir pois cheguei muito cansado de um pequeno trabalho na UFBA, porém vi nos jornais como foi a cerimônia.

    Também, acho que o Oscar deste ano não foi "excelente" devido a greve que teve antes. Mas fazer o quê né...

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