Entre favoritos e azarões
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Aproveitando a deixa do comentário da Fran, coloco aqui duas perguntas que me atormentam. Por que o Oscar é sempre na véspera da volta às aulas? E por que a Globo é incapaz de adiantar o Big Brother e sempre corta o início da cerimônia? Sério, eles sempre adiantam a novela por causa do futebol que passa direto e o Oscar é só uma vez no ano! Assim quem não tem TV a cabo ou abomina o Rubens Ewald Filho perde algumas categorias que apareceram no post passado e talvez até algumas desse post.
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Sobre os meus comentários quero acrescentar que acredito sim que, embora os americanos sejam contra legendas, existe a dublagem e, principalmente no caso da animação, isso ajuda muito os filmes estrangeiros. Embora nas categorias mais badaladas os grandes vencedores ainda sejam eles mesmos (afinal é uma festa deles, caramba), há espaço para o que vem de fora e com muito respeito. E se Sen to Chihiro no Kamikakushi (A Viagem de Chihiro) foi o primeiro filme a ganhar em sua categoria, Persepolis não deve perder as esperanças (mas Ratatoille continua o favorito).
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E já que o assunto é esse, adianto vou falar hoje de mais duas das indicações que o filme recebeu. Aliás, como vem acontecendo há muitos anos (exceto 2004) acredito que o Oscar 2008 não terá um grande filme vencedor de uma quantidade exorbitante de prêmios, mas vários filmes com três, quatro prêmios e será nas categorias técnicas que eles vão conseguir vantagem numérica uns sobre os outros.
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Para tirar Ratatoille do caminho, começo com uma categoria que ninguém entende direito, nem os próprios votantes. Quando se trata de mixagem de som, os filmes mais barulhentos têm vantagens. Nesse caso, os robôs de Transformers parecem ter vantagem, mas The Bourne Ultimatum e No Country for Old Men não estão muito atrás. E, além do ratinho, há 3:10 to Yuma (Os Indomáveis) correndo por fora.
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A outra categoria de som (edição de som), onde a Paris animada de Brad Bird também mostra a cara, mantém os mesmos concorrente, trocando apenas 3:10 to Yuma (que tem apenas duas indicações e poucas chances) pelo “classudo” There will be Blood (Sangue Negro), que pode não ter muitas chances por aqui, mas que, sem dúvida, será premiado em alguma das suas 8 indicações.
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Abandonando o som, entramos na parte visualmente artística da festa. E é na categoria Direção de Arte (quase categoria de melhor cenário) que outros grandes nomes da noite finalmente aparecem. Além dos já mencionados There will be Blood com seu Novo México sombrio e Atonement com sua Inglaterra verde/devastada, há o bem cuidado The Golden Compass com seu belíssimo universo paralelo (assista para relaxar e sem preconceitos), os Estados Unidos de 1970 de American Gangster (O Gângster) e a terrível Fleet Street londrina de Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street. A minha preferência vai para o trabalho dos já premiados Dante Ferretti e Francesca Lo Schiavo (Sweeney Todd), mas creio que pode haver surpresas (acho que os velhinhos se divertem vendo as pessoas perderem as apostas).
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E já que a minha preferência por Sweeney Todd é declarada, parto para outra de suas três categorias. Junto com seus trapinhos estão quatro belezas de época concorrendo a melhor figurino. La Môme (chamada La Vie en Rose dia 24 e Piaf: Um Hino ao amor nos cinemas brasileiros), Across the Universe, Atonement e Elizabeth: The Golden Age (Elizabeth: A Era de Ouro). Ano passado, os figurinos foram apresentados ao vivo no palco, o que foi uma mudança muito positiva e mostrou como as pessoas podem se maravilhar com as roupas (e o trabalho de Milena Canonero em Marie Antoinette estava realmente perfeito)! Espero que façam o mesmo esse ano.
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Mas o figurino sozinho não adianta. Precisa da maquiagem para complementar o trabalho. As regras da academia para que um filme possa concorrer nessa categoria são rigorosas e exigem algum tipo de inovação (tanto que, em 2004, a segunda parte de The Lord of the Rings nem foi indicada). Como sempre, nesse ano são três concorrentes. La Môme, Norbit (a única comédia escraxada da noite) e Pirates of the Caribbean: At World's End (Piratas do Caribe: No Fim do Mundo). Esse último, claro, é o favorito, embora a Academia não goste de seqüências e nem de excesso de publicidade (vide as medidas tomadas na época das continuações de The Matrix).
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Outra categoria com apenas três concorrente é a de efeitos visuais. E esse ano a briga está acirrada. Com menos chances está o trabalho muito bem feito de The Golden Compass e lutando com bombas de canhão e socos de aço estão Transformes e Pirates of the Caribbean: At World's End. Não que esses dois precisem do Oscar para ganhar dinheiro, são blockbusters natos. O outro agradeceria muito, já que a renda não foi exatamente como prevista.
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Voltando para a outra turma de competidores. Fotografia é outra categoria muito mal compreendida pelo público. Em inglês seu nome é cinematography, o que diminui o entendimento errado, mas não aproxima do certo. Pode-se dizer que o que se observa nesse quesito é o trabalho de iluminação, embora a questão seja um pouco mais complicada que isso. Os três grandes nessa categoria são Atonement, No Country for Old Men e There will be Blood. Aparecendo na mídia graças à indicação estão o já famoso The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford (O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford) e a parceria franco-americana Le Scaphandre et le Papillon (O Escafandro e a Borboleta).
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Finalizando as categorias de hoje, uma que deveria ser considerada uma das mais importantes (Eisenstein que o diga), mas que só é valorizada por quem é do meio. Na categoria de melhor montagem estão o favorito No Country for Old Men, os badalados There Will be Blood e The Bourne Ultimatum e as surpresas Le Scaphandre et le Papillon e Into the Wild (Na Natureza Selvagem).
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Entre faroestes, gangsteres (juro que eu não sabia que esse era o plural), guerras (sempre as mesmas) e muito, muito sangue, a próxima parte dos meus comentários para o Oscar terá a presença de muitas estrelas, embora o brilho e as grandezas sejam bem questionáveis. Até breve!
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Aproveitando a deixa do comentário da Fran, coloco aqui duas perguntas que me atormentam. Por que o Oscar é sempre na véspera da volta às aulas? E por que a Globo é incapaz de adiantar o Big Brother e sempre corta o início da cerimônia? Sério, eles sempre adiantam a novela por causa do futebol que passa direto e o Oscar é só uma vez no ano! Assim quem não tem TV a cabo ou abomina o Rubens Ewald Filho perde algumas categorias que apareceram no post passado e talvez até algumas desse post.
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Sobre os meus comentários quero acrescentar que acredito sim que, embora os americanos sejam contra legendas, existe a dublagem e, principalmente no caso da animação, isso ajuda muito os filmes estrangeiros. Embora nas categorias mais badaladas os grandes vencedores ainda sejam eles mesmos (afinal é uma festa deles, caramba), há espaço para o que vem de fora e com muito respeito. E se Sen to Chihiro no Kamikakushi (A Viagem de Chihiro) foi o primeiro filme a ganhar em sua categoria, Persepolis não deve perder as esperanças (mas Ratatoille continua o favorito).
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E já que o assunto é esse, adianto vou falar hoje de mais duas das indicações que o filme recebeu. Aliás, como vem acontecendo há muitos anos (exceto 2004) acredito que o Oscar 2008 não terá um grande filme vencedor de uma quantidade exorbitante de prêmios, mas vários filmes com três, quatro prêmios e será nas categorias técnicas que eles vão conseguir vantagem numérica uns sobre os outros.
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Para tirar Ratatoille do caminho, começo com uma categoria que ninguém entende direito, nem os próprios votantes. Quando se trata de mixagem de som, os filmes mais barulhentos têm vantagens. Nesse caso, os robôs de Transformers parecem ter vantagem, mas The Bourne Ultimatum e No Country for Old Men não estão muito atrás. E, além do ratinho, há 3:10 to Yuma (Os Indomáveis) correndo por fora.
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A outra categoria de som (edição de som), onde a Paris animada de Brad Bird também mostra a cara, mantém os mesmos concorrente, trocando apenas 3:10 to Yuma (que tem apenas duas indicações e poucas chances) pelo “classudo” There will be Blood (Sangue Negro), que pode não ter muitas chances por aqui, mas que, sem dúvida, será premiado em alguma das suas 8 indicações.
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Abandonando o som, entramos na parte visualmente artística da festa. E é na categoria Direção de Arte (quase categoria de melhor cenário) que outros grandes nomes da noite finalmente aparecem. Além dos já mencionados There will be Blood com seu Novo México sombrio e Atonement com sua Inglaterra verde/devastada, há o bem cuidado The Golden Compass com seu belíssimo universo paralelo (assista para relaxar e sem preconceitos), os Estados Unidos de 1970 de American Gangster (O Gângster) e a terrível Fleet Street londrina de Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street. A minha preferência vai para o trabalho dos já premiados Dante Ferretti e Francesca Lo Schiavo (Sweeney Todd), mas creio que pode haver surpresas (acho que os velhinhos se divertem vendo as pessoas perderem as apostas).
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E já que a minha preferência por Sweeney Todd é declarada, parto para outra de suas três categorias. Junto com seus trapinhos estão quatro belezas de época concorrendo a melhor figurino. La Môme (chamada La Vie en Rose dia 24 e Piaf: Um Hino ao amor nos cinemas brasileiros), Across the Universe, Atonement e Elizabeth: The Golden Age (Elizabeth: A Era de Ouro). Ano passado, os figurinos foram apresentados ao vivo no palco, o que foi uma mudança muito positiva e mostrou como as pessoas podem se maravilhar com as roupas (e o trabalho de Milena Canonero em Marie Antoinette estava realmente perfeito)! Espero que façam o mesmo esse ano.
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Mas o figurino sozinho não adianta. Precisa da maquiagem para complementar o trabalho. As regras da academia para que um filme possa concorrer nessa categoria são rigorosas e exigem algum tipo de inovação (tanto que, em 2004, a segunda parte de The Lord of the Rings nem foi indicada). Como sempre, nesse ano são três concorrentes. La Môme, Norbit (a única comédia escraxada da noite) e Pirates of the Caribbean: At World's End (Piratas do Caribe: No Fim do Mundo). Esse último, claro, é o favorito, embora a Academia não goste de seqüências e nem de excesso de publicidade (vide as medidas tomadas na época das continuações de The Matrix).
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Outra categoria com apenas três concorrente é a de efeitos visuais. E esse ano a briga está acirrada. Com menos chances está o trabalho muito bem feito de The Golden Compass e lutando com bombas de canhão e socos de aço estão Transformes e Pirates of the Caribbean: At World's End. Não que esses dois precisem do Oscar para ganhar dinheiro, são blockbusters natos. O outro agradeceria muito, já que a renda não foi exatamente como prevista.
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Voltando para a outra turma de competidores. Fotografia é outra categoria muito mal compreendida pelo público. Em inglês seu nome é cinematography, o que diminui o entendimento errado, mas não aproxima do certo. Pode-se dizer que o que se observa nesse quesito é o trabalho de iluminação, embora a questão seja um pouco mais complicada que isso. Os três grandes nessa categoria são Atonement, No Country for Old Men e There will be Blood. Aparecendo na mídia graças à indicação estão o já famoso The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford (O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford) e a parceria franco-americana Le Scaphandre et le Papillon (O Escafandro e a Borboleta).
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Finalizando as categorias de hoje, uma que deveria ser considerada uma das mais importantes (Eisenstein que o diga), mas que só é valorizada por quem é do meio. Na categoria de melhor montagem estão o favorito No Country for Old Men, os badalados There Will be Blood e The Bourne Ultimatum e as surpresas Le Scaphandre et le Papillon e Into the Wild (Na Natureza Selvagem).
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Entre faroestes, gangsteres (juro que eu não sabia que esse era o plural), guerras (sempre as mesmas) e muito, muito sangue, a próxima parte dos meus comentários para o Oscar terá a presença de muitas estrelas, embora o brilho e as grandezas sejam bem questionáveis. Até breve!
Eita análise...
ResponderExcluirAdmito que com ela, estou tendo uma noção do que esperar da grande noite...
A propósito, que dia será o Oscar?
O mal é que demora muito...
Esperando pela parte 3 =D
Ainda não vi Desejo e Reparação e estou indo hoje ver Sangue Negro. Mas o que é fotografia de Onde os fracos não têm vez? Aliás, o que é esse filme? Acho que estamos diante do mais novo clássico do cinema.
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