A volta dos que não foram II...

Corrente Pró-Copa se reúne em Curitiba
Doático Santos cria comitê para que o estado seja uma das sedes da Copa do Mundo de 2014
por Renata Bossle e Vanessa Prateano
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Não é segredo para ninguém, dentro ou fora do mundo da bola, que há tempos o Brasil atua junto à Fifa pela realização de uma Copa do Mundo no país. Há 57 anos, a seleção canarinho perdia a final para o time uruguaio no Maracanã, e jamais voltou a receber o evento outra vez. Países como México, Itália, França e Alemanha, ao contrário, já receberam o evento mais de uma vez. Na semana passada, essa possibilidade foi novamente discutida, quando o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, visitou alguns estados que podem abrigar os jogos. Entretanto, segundo o presidente do diretório municipal do PMDB e assessor especial do governo estadual para assuntos da capital, Doático Santos, “Teixeira foi pro Rio Grande do Sul, Santa Catarina e pulou o Paraná, indo direto para São Paulo”.
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Essa foi a motivação para que Doático criasse a “Corrente Pró-Copa de 2014 no Paraná”, cuja primeira reunião ocorreu no último sábado (31), no Hotel Caravelle. O comitê pretende pressionar, ao lado da Federação Paranaense de Futebol, a CBF e até mesmo o lendário ex-jogador de futebol francês e hoje um dos vice-presidentes da organização, Michel Platini. Segundo Sidnei Campos, diretor da Rádio Brazil, trazer Platini ao país seria “a tacada final, mostra a estrutura (sic) e acabou”. A infra-estrutura dos estádios paranaenses, no entanto, ainda não atende a quesitos básicos de segurança, pois muitos possuem fosso e alambrado, ao contrário de estádios alemães e ingleses, os mais bem preparados para eventos desse tipo.
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O destino do dinheiro governamental cedido à construção ou reforma desses estádios pode vir a ter um caráter fortemente político e pessoal. Doático é presidente do ETA (Esquadrão da Torcida Atleticana), confraria do Clube Atlético Paranaense, cujo estádio, o Kyocera Arena, está em fase de ampliação com a desativação do Colégio Expoente e poderia captar recursos governamentais para a obra. O estádio foi citado em muitas ocasiões, por ser um dos mais modernos do país, enquanto outros clubes, sub-representados na ocasião, não foram cogitados como possíveis sedes. Segundo o assessor, o caráter de última hora da reunião dificultou a comunicação entre os três maiores clubes paranaenses, mas representantes de times como o Operário Ferroviário Esporte Clube (OFEC) e Galo/Adap se encontravam presentes. Para Doático, não há interesse pessoal ou político na criação da corrente. “Estamos cumprindo nossa função como esportistas”, disse.
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Outra questão evidenciada por Doático é “o lado étnico”, que ele classificou como “muito importante” para o convencimento da CBF da relevância do Paraná como estado-sede. Pelo grande número de descendentes europeus em Curitiba, a cidade é a mais cogitada para hospedar jogos de seleções desse continente. Sidnei Campos apontou o fato de que, em 1994, na Copa do Mundo dos EUA, a seleção brasileira hospedou-se na Califórnia, devido ao grande número de latino-americanos que lá viviam. “O que a seleção da Ucrânia irá fazer no Ceará?”, ironizou Doático. Campos ainda ressaltou que “o Dunga apareceu no último jogo com uma camiseta ‘Brasil 2014’, o que jogou uma tremenda responsabilidade pra cima da CBF. Vamos jogar com ‘Paraná 2014’”.
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Observando que a ação é de interesse de toda a sociedade civil, e que deve agregar todos os clubes, a imprensa, os jovens, a iniciativa privada e, inclusive, o governo municipal, o próprio Doático alegou, entretanto, que representantes da prefeitura “não foram convidados para essa reunião”. O ganho político para as bases do PMDB e PT junto ao eleitorado, com a vinda da Copa para a capital paranaense, nas futuras eleições municipais, é negado. “Eu não tenho esse cacife”, disse, insistindo que a corrente criada por ele não possui tanto poder de interferir nas decisões políticas. Sidnei Campos comentou o fato de que, em 1969, no Congo Belga, atual Zaire, a população daquele país interrompeu a guerra civil para ver Pelé jogar pelo Santos, numa tentativa de negar qualquer interesse que não seja o futebol. De acordo com ele, o esporte vai além da própria conjuntura política. “Defendo os interesses da cidade, procuro fazer com que Curitiba seja prestigiada”, enfatizou Doático.
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A iniciativa, porém, esbarra numa questão crucial: a desconfiança, segundo o site de notícias “Paraná On-Line”, de Ricardo Teixeira em relação a Onaireves Moura, presidente da Federação Paranaense de Futebol, mencionado no encontro como um “problema” à concretização desse objetivo. Ainda segundo o site, Teixeira vê em Moura “um administrador pouco confiável da verba proveniente para uma Copa do Mundo”. O presidente do conselho deliberativo do Atlético, Mário Celso Petraglia, disse em entrevista à Gazeta do Povo desse sábado (31) que procurará Teixeira para “ouvir dele as razões e os porquês dele passar por cima do Paraná”, ressaltando que a culpa não é tanto de Moura, mas de todos os clubes. “As coisas não são levadas a sério aqui [no Paraná]. A culpa é nossa. Se nós perdermos essa guerra, a culpa é de todos”. Petraglia deixa claro na entrevista, que foi comentada na reunião, que seu interesse é captar recursos para a Arena.
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Embora o país ainda dispute com a Colômbia o direito de sediar o maior evento do futebol, e, caso isso aconteça, o Brasil também precise de considerável verba e análise de investimentos, a corrente espera marcar, na terça-feira (3), uma reunião na Casa Civil, com o apoio de políticos da base aliada, com a presença da imprensa. Além disso, pretendem instigar a mobilização popular durante a transmissão do jogo entre Dallas e Atlético Paranaense pela TV Educativa, às 21h30 de sábado (31).
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Esse é um texto que eu e a Vanessa escrevemos e que, por alguma razão misteriosa, não foi publicado no Comunicação.

3 comentários:

  1. Pois é...

    O brasil ainda anda em dificuldades (creio eu), para sediar uma copa do mundo. Evento grandioso, logicamente, precisaria de muitos recursos.

    Sei que, caso existindo a possibilidade, o brasil não deixaria passar. Porém como descrito no texto, muitos dos estádios existentes aqui estão sem condições para realizar tais jogos. Novamente a questão "verba" entra.

    Enquanto ao Paraná sediar ou não, para mim, isso nem deveria ser pensado; eu acho o Paraná um dos melhores estados do brasil, por muitos fatores, e no meu caso, não pensaria duas vezes para que tal coisa existisse. Só que, são muitas divergências existentes entre aqueles que detém o poder, e sinto que as pessoas, que realmente movem os estádios, não estão tendo o direito real de opinar (e sei que a opinião seria completamente unânime sobre). É chato isso. Por isso que não gosto de política.

    É chato isso, mas vamos ver no que vai dar.

    (PS: Desculpas pela demora de postagem. Ocorreu uma série de coisas aqui, depois conversaremos.)

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  2. Fazia tempo que eu não tinha tempo (ê, maravilha de repetição) pra ler os blogs linkados lá no meu.
    Daí hoje tirei o dia pra isso.
    Li tudo que tava aqui, e acho que preciso falar do post do cadáver.
    Sabe, às vezes a gente supervaloriza algumas relações. Acha que é tuuuudo aquilo, e depois percebe que não é bem assim.
    Quando a gente se vê num meio hostil, com pessoas estranhas e que vão nos acompanhar por pelo menos 4 anos, o alvoroço é inevitável. Todo mundo vira amigo.
    Com o tempo a gente vê que não é bem assim, algumas coisas são bastante superficiais. E chega uma hora que não dá mais pra agüentar.
    Acho que o importante, nessas situações, é avaliar o que é cada um pra ti ali. Como te tratam, se te ajudam, se te ouvem. E se você tem saco pra eles também (de vez em quando a gente simplesmente não tem saco pras pessoas).
    Pode ser que a gente não fique com 30 amigos, mas com certeza 1 ou 2 dá pra serem salvos.

    (falei demais, né?)

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  3. Quais as possibilidades reais de vermos ingleses e tb alemães(pra deixar a cidade bonita )desfilando pela XV??? hehehe

    Gostei do texto de vcs =D

    Bjão, Rê!

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