Momento sem inspiração...

Esse texto costumava ser uma boa idéia que eu nunca colocava em prática. Acho que, no final das contas, escolhi o momento errado para fazê-lo...
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Um Lugar em Minha Mente
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Existe um filme chamado The Mighty. Esse filme é figurinha comum na Sessão da Tarde e é baseado em um livro chamado Freak the Mighty. É um filme muito bonitinho. Obra de caridade de Sharon Stone e tentativa de elevar a carreira do irmão de Macaulay, Kieran Culkin. A mensagem final é bonita, mas eu diria que a minha seqüência favorita é a abertura do filme. Nessa cena, Max (Elden Hanson) diz que existe um lugar de sua mente que é vazio e que ele se transporta para lá às vezes. Não lembro com exatidão das palavras e, infelizmente, elas não estão no IMDb. Entretanto, acho que concordo com Max. Há um lugar na minha mente onde eu não preciso pensar em nada e é bom estar ali.
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O vazio não é bem visto pelas pessoas. O próprio Max é retratado como burro e durante o filme aprende a trocar essas viagens ao vazio por viagens literárias. Eu gosto de viajar em obras de ficção, ficar envolvida com personagens e aprender com isso. Mas o vazio também tem se mostrado necessário. Primeiro porque ele te impede de pensar em besteiras. Através da literatura você faz ligações e acaba, de um modo ou de outro, reencontrando seus problemas. Não sou a favor de fugir deles, mas escapar por alguns minutos, sem dúvida, faz bem.
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Há um tempo atrás conheci uma pessoa que não acreditava que eu pudesse esvaziar a minha cabeça de pensamentos e vagar pelo nada. Em algumas ocasiões o que eu estava fazendo era omitir meus pensamentos, mas, na maioria das vezes, eu estava tão leve quanto poderia estar e era fácil simplesmente não pensar. Aliás, era melhor não pensar. Uma espécie de autodefesa suicida. Não que eu soubesse disso na época, claro.
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Acontece que já faz algum tempo que minha mente se envolveu em um intrincado emaranhado de pensamentos confusos, contraditórios e complicados demais para suas capacidades extremamente limitadas. Está ficando cada vez mais difícil esvaziá-la.
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Ainda bem que tenho os meus amados teares para ocupar minhas mãos e manter minha mente concentrada em uma tarefa que os dedos realizam automaticamente. Isso não tem o mesmo efeito, mas conforta. Em um mês fiz duas bolsas e cinco cachecóis. Poderia ter feito muito mais se não fosse a falta de material e de dinheiro para novos materiais. Urdir é um prazer lento, mas revigorante. Ocupa sem prender. Não há dor, não há lágrimas, não há sofrimento. Apenas dedos, fios, tear e agulha (sem ponta). Não há preocupação com o clima ou dependência de outrem. Apenas você. Suas preocupações se resumem a que tipo de fio, à cores, ao tamanho da peça. Sem ter que tomar as decisões antes da hora e podendo adiá-las até que a resposta surja. Sem cobrança. Sem pressão. Sem depois. Não interessa como começou ou como vai terminar. Cada parte tem seu devido tempo. O seu próprio tempo.
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Ainda consigo entrar no meu mundo vazio. Mas ele não rende. Quando percebo que o tempo passou já é tarde e muito foi perdido. Não sei o que teria feito com esse tempo, provavelmente o desperdiçaria de outra forma. Alguma forma triste. É bom poder urdir.

3 comentários:

  1. Bem, não sei porque este texto surgiu num momento errado, porém serviu de ajuda para mim.

    Ele me fez lembrar que ainda, dentro da minha mente, eu sou capaz de inibir os meus sentimentos. Sinceramente, era disso que eu estava precisando, justamente agora. Ele para mim, é mais que necessário, em alguns momentos.

    Na maioria das vezes é verdade, quando nós temos tantos pensamentos desordenados, que simplesmente não temos a idéia de por onde começar a pensar. Constantemente isso existe na minha vida, já estou até acostumado. Solução? Solidão...

    Só fico ainda triste pelo fato de que ainda não tenha nada de simples para poder me ocupar. Sinto a necessidade de um hobby, independente de ser desgaste ou não, para fazer. De vez em quando eu sinto esta necessidade. Acho que na verdade, o problema em encontrar sou eu.

    O mundo vazio ainda me rende.

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  2. "Não há preocupação com o clima ou dependência de outrem. Apenas você. Suas preocupações se resumem a que tipo de fio, à cores, ao tamanho da peça. Sem ter que tomar as decisões antes da hora e podendo adiá-las até que a resposta surja. Sem cobrança. Sem pressão. Sem depois. Não interessa como começou ou como vai terminar. Cada parte tem seu devido tempo. O seu próprio tempo."
    Eu preciso aprendera viver assim, Re!
    Beijo!

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  3. ô, Rê, ficou uma belezura esses links.
    S2 Amei S2

    Eu abuso demais desse espaço na mente. E sempre me arrependo por ter feito tão pouco durante o dia.
    hê.

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