“Aula de violência em escola de Londrina
Redação Tribuna do Paraná [23/03/2007]
Esta semana uma professora da rede estadual de ensino de Londrina teve o braço quebrado com uma barra de ferro. A agressão foi feita por um aluno de 19 anos durante o período noturno. Alguns estudantes também aproveitaram a confusão para quebrar vidros e colocar fogo nas cortinas. Ontem, a escola permaneceu fechada como forma de protesto.
A professora estava em sala de aula quando ocorreu a agressão. O aluno agressor está foragido.”
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“Um aluno de 19 anos”. Tudo bem, ninguém é obrigado a passar direto todos os anos. Mas porque uma pessoa de 19 anos ainda está na escola? A minha indignação começa nesse ponto. Ele pode ter mil razões. Doença, problemas em casa, atraso para começar a estudar, etc. Entretanto, o que eu tenho observado é que os alunos vão para a escola porque eles têm que ir para a escola, porque a lei obriga os pais deles a fazerem isso, porque eles precisam ocupar o tempo deles, porque é chato ficar sozinho em casa enquanto os pais trabalham, porque eles querem conversar com os amigos, porque eles precisam curtir a vida e não há nada melhor que zoar na escola. Aprender? Crescer como pessoa? Ser alguém no futuro? Para que tudo isso? Primeiro, “porque trabalho honesto não dá dinheiro”. Segundo, “porque minha mãe paga tudo pra mim e ela não liga de fazer isso”. Terceiro, “porque eu sou jovem e tenho que curtir a vida”. Quarto, “porque sim e dá nada”. Eu sei que a sociedade é cheia de problemas e que muitas pessoas têm dificuldades em conseguir as coisas. O problema é que a geração atual tem tudo na mão e não aproveita. Eu não posso culpá-los. É uma falta de valores resultante de falhas educacionais que se repetem e se acumulam há séculos. O indivíduo não tem culpa. Mas se ele não mudar nada entramos em um ciclo vicioso.
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Um desses valores é o respeito. Cansei de ouvir discurso na televisão que pregava que os pais devem tratar os filhos como amigos e como iguais. Acontece que filho é filho e pai é pai. Ambos têm direitos e deveres. Direitos e deveres diferentes dos que pais e filhos tinham na época dos meus pais, por exemplo, uma vez que a sociedade mudou muito, mas, ainda assim, devem existir limites. Uma criança deve ser criada com amizade, companheirismo e amor, claro, mas não só isso. Ela deve ser criada como uma criança. A criança que ela é. Preparando-se para o adulto que ela será. Não deve ser tratada como adulta desde sempre, como alguns pais fazem (ou acham que fazem). O que esperar de uma criança que discute com os pais na mesma altura de voz? Que fala e ouve todo o tipo de coisa? Provavelmente que ela venha a tratar todos assim. Inclusive autoridades. Inclusive professores. Professores que estão ali para ensinar pessoas que não querem aprender. Professores que se esforçam, que estudam, que preparam aula, que lutam pelo material didático (devolvido por alunos que não querem carregar peso e ter que arrumar a mala todos os dias ou vendido para ser reciclado). Professores que tentam forçar conhecimento para dentro de mentes fechadas. Professores que são considerados culpados por reprovações. Professores que apanham com barras de ferro.
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Enquanto um aluno de 19 anos tenta matar sua professora, outros colocam fogo nas cortinas e quebram vidros. Tudo bem, os pais deles pagam impostos e os impostos pagam a manutenção da escola. Novamente, “dá nada”. Eles estão certos em protestar contra os “malditos” professores que perseguem os alunos e os reprovam ano após ano só porque não gostam deles. Eles estão certos em zoar, não há nada mais divertido que uma boa destruição e com muita gritaria, de preferência. Será que eles sabem que as cortinas não são fornecidas pelo governo do estado? Será que eles sabem que são os professores que se esforçam e se organizam para arrecadar dinheiro para que eles (os alunos) não fiquem com sol quente sobre as cabeças durante as aulas? E se eles soubessem, faria alguma diferença? Ou só daria mais valor ao protesto contra os “malditos” professores que se acham superiores a eles? Na hora de zoar eles não pensam nisso. Eles só querem zoar, mesmo. Estão certos. Têm mais é que curtir a vida. Os professores é que são burros mesmo.
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P.S.: Achei impressionante a qualidade do texto da Tribuna do Paraná. Está realmente muito completo, bem explicativo e, principalmente, bem informativo.
Redação Tribuna do Paraná [23/03/2007]
Esta semana uma professora da rede estadual de ensino de Londrina teve o braço quebrado com uma barra de ferro. A agressão foi feita por um aluno de 19 anos durante o período noturno. Alguns estudantes também aproveitaram a confusão para quebrar vidros e colocar fogo nas cortinas. Ontem, a escola permaneceu fechada como forma de protesto.
A professora estava em sala de aula quando ocorreu a agressão. O aluno agressor está foragido.”
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“Um aluno de 19 anos”. Tudo bem, ninguém é obrigado a passar direto todos os anos. Mas porque uma pessoa de 19 anos ainda está na escola? A minha indignação começa nesse ponto. Ele pode ter mil razões. Doença, problemas em casa, atraso para começar a estudar, etc. Entretanto, o que eu tenho observado é que os alunos vão para a escola porque eles têm que ir para a escola, porque a lei obriga os pais deles a fazerem isso, porque eles precisam ocupar o tempo deles, porque é chato ficar sozinho em casa enquanto os pais trabalham, porque eles querem conversar com os amigos, porque eles precisam curtir a vida e não há nada melhor que zoar na escola. Aprender? Crescer como pessoa? Ser alguém no futuro? Para que tudo isso? Primeiro, “porque trabalho honesto não dá dinheiro”. Segundo, “porque minha mãe paga tudo pra mim e ela não liga de fazer isso”. Terceiro, “porque eu sou jovem e tenho que curtir a vida”. Quarto, “porque sim e dá nada”. Eu sei que a sociedade é cheia de problemas e que muitas pessoas têm dificuldades em conseguir as coisas. O problema é que a geração atual tem tudo na mão e não aproveita. Eu não posso culpá-los. É uma falta de valores resultante de falhas educacionais que se repetem e se acumulam há séculos. O indivíduo não tem culpa. Mas se ele não mudar nada entramos em um ciclo vicioso.
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Um desses valores é o respeito. Cansei de ouvir discurso na televisão que pregava que os pais devem tratar os filhos como amigos e como iguais. Acontece que filho é filho e pai é pai. Ambos têm direitos e deveres. Direitos e deveres diferentes dos que pais e filhos tinham na época dos meus pais, por exemplo, uma vez que a sociedade mudou muito, mas, ainda assim, devem existir limites. Uma criança deve ser criada com amizade, companheirismo e amor, claro, mas não só isso. Ela deve ser criada como uma criança. A criança que ela é. Preparando-se para o adulto que ela será. Não deve ser tratada como adulta desde sempre, como alguns pais fazem (ou acham que fazem). O que esperar de uma criança que discute com os pais na mesma altura de voz? Que fala e ouve todo o tipo de coisa? Provavelmente que ela venha a tratar todos assim. Inclusive autoridades. Inclusive professores. Professores que estão ali para ensinar pessoas que não querem aprender. Professores que se esforçam, que estudam, que preparam aula, que lutam pelo material didático (devolvido por alunos que não querem carregar peso e ter que arrumar a mala todos os dias ou vendido para ser reciclado). Professores que tentam forçar conhecimento para dentro de mentes fechadas. Professores que são considerados culpados por reprovações. Professores que apanham com barras de ferro.
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Enquanto um aluno de 19 anos tenta matar sua professora, outros colocam fogo nas cortinas e quebram vidros. Tudo bem, os pais deles pagam impostos e os impostos pagam a manutenção da escola. Novamente, “dá nada”. Eles estão certos em protestar contra os “malditos” professores que perseguem os alunos e os reprovam ano após ano só porque não gostam deles. Eles estão certos em zoar, não há nada mais divertido que uma boa destruição e com muita gritaria, de preferência. Será que eles sabem que as cortinas não são fornecidas pelo governo do estado? Será que eles sabem que são os professores que se esforçam e se organizam para arrecadar dinheiro para que eles (os alunos) não fiquem com sol quente sobre as cabeças durante as aulas? E se eles soubessem, faria alguma diferença? Ou só daria mais valor ao protesto contra os “malditos” professores que se acham superiores a eles? Na hora de zoar eles não pensam nisso. Eles só querem zoar, mesmo. Estão certos. Têm mais é que curtir a vida. Os professores é que são burros mesmo.
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P.S.: Achei impressionante a qualidade do texto da Tribuna do Paraná. Está realmente muito completo, bem explicativo e, principalmente, bem informativo.
Concordo com o seu ponto de vista sobre este assunto. Infelizmente, o mundo hoje trata o ser humano como algo qualquer. Não quer formar uma pessoa dotada de idéias e valores que possam modificar o mundo ao seu redor.
ResponderExcluirO grande "quê" desta questão, para mim, na verdade, é: de quem é a culpa? Como visto, não há condição de dizer o responsável...
Só há uma coisa que as pessoas podem fazer... ter consciência.
Ê, Tribuna!!!
ResponderExcluirÉ, a educação nesse país nunca foi levada a sério. E a gente se depara com situações como a que vc citou. É triste, mas concordo com a Cami: a solução não virá a curto prazo. O Brasil precisa de uma reforma educacional urgente. Só que os resultados vêm a longo prazo e isso não é "bom" para um governo, pois o povo brasileiro sempre foi "educado" para exigir e reconhecer resultados imediatos.
Às vezes, penso que nosso país não tem mais jeito.
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Beijo, rê!
concordo com tudo dito aí em cima.
ResponderExcluirrê, como assim, sósia?!
nooossa! nunca pensei nisso... mas acho que... não, não parece não! hehehe!
ResponderExcluirVocê não parece a Betânia, Rê.
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