Para, motorista!
.
Era uma vez, mais uma manhã de sexta-feira. Estava eu, pra variar, dentro de um ônibus Cabral/Portão lotado. O ônibus havia acabado de sair do terminal quando uma mulher gritou “Para, motorista!”. Ela implorou e o motorista parou onde estava, atravessado no meio da rua. A mulher abre espaço, enfia a cabeça para fora da porta já aberta e pergunta para o guarda do terminal:
.
– Moço, posso voltar lá dentro?
.
O guarda faz que não com o dedo. O motorista deixa a situação ainda mais tensa:
.
– Senhora, por favor, o que é isso?
.
– É o Junior! Meu menino! Meu menino! Ele ficou no terminal!
.
A população do ônibus, então, fica solidária com a pobre mulher. Murmúrios de “ela esqueceu o filho” correm pelo veículo. A situação fica num empasse. O ônibus não sai do lugar, a mulher com metade do corpo para fora continua a falar “meu menino” e “meu Junior no terminal”... O guarda volta calmamente para seu posto, como se a situação já estivesse resolvida. Buzinadas por todos os lados.
.
Então a mulher parece ver uma solução. Ela inclina ainda mais o corpo e berra com toda a força de seus pulmões:
.
– Corre Junior, corre meu filho! Corre, corre!
.
As pessoas no ônibus ficam tensas. “Será que o menino vai conseguir?”... E eis que surge Junior: Moreno, alto, entre 25 e 30 anos, pele clara, barba bem feita, camisa social...
.
Algumas risadinhas abafadas, alguns rostos escondidos, porta fechada e a vida continua.
.
Em momentos como esse eu penso: Carro pra quê? Junior e sua mãe chegaram juntos ao destino e viveram felizes para sempre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário