Momento crítico – O Retorno...

Ou texto com um mínimo de planejamento que fugiu do esperado
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Era uma vez uma empresa criada por um cara realmente inovador. Ele tinha grandes sonhos, uma boa equipe, competência e tudo o mais que era preciso para vencer na vida. E ele se deu muito bem. Só que não viveu feliz para sempre, afinal, sempre é muito tempo. Mesmo que muitas lendas garantam que ele está congelado em algum lugar, o fato é que Walt Disney não é mais o chefe de sua empresa. Empresa, não. Império.
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Longe de ser o sonho de um único homem, a Disney é parte das engrenagens que movimentam muito dinheiro em Hollywood e nos Estados Unidos como um todo. Há canais de TV, gravadoras, lojas, parques temáticos e, claro, estúdios. Tudo ostentando o mesmo nome. Nome esse que, como já mencionei, era de “um cara realmente inovador”.
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Inovação entra aqui como palavra-chave. Faz muito tempo que a Disney não é ousada. Quando ela se arrisca, normalmente se dá bem (adaptações de Shakespeare para desenho animado, contrato com a Pixar, compra da Pixar, etc). Quando ela erra, as pessoas esquecem com certa facilidade devido à enorme tradição da empresa – e ao bendito nome tão respeitado. Sim, a Disney erra. Melhor dizendo, seus executivos erram (já que as glórias são da empresa e as desgraças de pessoas incompetentes)[1].
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A questão não é só ousadia. Afinal, de vez em quando ela aparece, mesmo que pensada demais. É a falta de criatividade. Hamlet para crianças e com leões? Criativo, relativamente novo, ousado. Série de filmes para meninas na faixa dos doze anos com protagonista loira e cantora? Não é criativo, não é novo, não é ousado. Ainda bem que a menina em questão tinha uma mãe esperta que sabe ler contratos.
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Esse tipo de filme, que pode muito bem ser classificado como “modinha” tem tido um modelo ligeiramente diferente para seguir nos últimos tempos. Todos os estúdios querem seu próprio Harry Potter ou seu próprio Senhor dos Anéis. E dá-lhe fazer filmes infanto-juvenis[2] de fantasia. The Golden Compass, Bridge to Terabithia e mais alguns que eu não consigo lembrar agora. A Disney resolveu não ficar para trás nessa “nova onda” e arrumou o que os tais executivos devem ter considerado a aposta perfeita. Que tal adaptar um livro fácil como Harry Potter e escrito por um amigo do autor de Senhor dos Anéis?
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Como leitora, gostaria que a obra de C. S. Lewis não fosse vista dessa maneira. Primeiro porque não há relação com Harry Potter. Segundo porque também não tem relação com Senhor dos Anéis. É, simplesmente, outra coisa. O primeiro filme (The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe) foi uma experiência interessante. Leve, bem feito e com uma boa história. Meio mal das pernas por ser uma pseudo-novidade. Mas ainda com um diferencial[3] na mão, a Disney resolveu continuar a história. Confesso que a história de The Chronicles of Narnia: Prince Caspian não é a minha favorita e que tenho problemas com as segundas partes e por isso meu julgamento pode estar comprometido. Ou seja, não gostei muito do filme.
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Senti falta de um pouco de paixão pela história, ela parece seguir sem vontade, como se estivessem adaptando da mesma maneira que certos alunos lêem, por obrigação. Todos os elementos importantes para fazer a história acontecer estão lá. Não vou reclamar dos cortes e acréscimos, isso faz parte e já eram esperados, até mesmo por uma questão de “padrão Disney de fazer cinema”. O problema parece estar em um elenco inexperiente sem muito apoio, em uma direção desmotivada e em um roteiro sem sal. Até Aslan perde poder. Por mais que se tente dar uma importância à imagem dele e fazer todo aquele suspense, a coisa parece não funcionar como deveria. Sem contar que o casal ficou forçado. A propósito, a melhor cena vai para Susan tentando dar um fora em um menino inconveniente.
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O filme vai agradar às crianças e serve para quem quer simplesmente relaxar indo ao cinema (sinceramente, não irritar já é um mérito, uma vez que muito filme não consegue ser “assistível”). Para quem quer ver uma grande adaptação recomendo alugar Senhor dos Anéis. Para quem quer diversão, Indiana Jones está de volta aos cinemas. Para quem é fã de Harry Potter, leitura de Harry Potter (os filmes são legais, mas às vezes não conseguem suprir). Para quem precisa de mais emoção, por hora, acho que só quirera na veia resolve.
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Boa noite. E viva feliz para sempre lendo a nova edição do Comunicação através desse link.
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[1] Recomendação de leitura: Disneywar, de James B. Stewart.
[2] Preciso dizer que odeio essa classificação?
[3] Embora seja estranho pensar que tem um diferencial justamente por lembrar outras coisas.

3 comentários:

  1. Lindo texto sobre um péssimo filme.
    Bora pra sex and the city sábado
    (ok, já entendi, eu fico com a segunda parte...)!

    bjs tchau

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  2. Não cheguei ainda a assistir o primeiro...

    Mas recebi convites para ir ao segundo...

    Estranhamente eu não senti um interesse para ver este filme...

    É como você disse, de adaptações, Senhor dos Anéis e o Harry já estão suficientes.

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  3. Desculpe, Evandro, mas eu ganhei.

    Haha.

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