Texto de momento...

O maior amor que já existiu
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Não sei se conheço história mais romântica que a de Beren e Lúthien. Talvez Arwen e Aragorn possam competir e quem leu os apêndices de “O Senhor dos Anéis” vai concordar. Entretanto, a história dos dois não vai muito além de ser uma repetição do que viveram seus antepassados e grande parte de seu charme vinha justamente disso.
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Beren e Lúthien seriam, então, o primeiro grande casal a ser lembrado por toda a história devido ao seu amor.
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Infelizmente, eu vivo em um mundo onde mitologia e religião são tratadas como sendo coisas completamente diferentes, mesmo existindo muita mitologia nas religiões, mas isso não vem ao caso. A questão é que as pessoas têm uma religião, uma filosofia de vida, mas não uma mitologia. Ainda mais se a mitologia tem um criador tão recente como J.R.R. Tolkien. Ou seja, fui criada com a mente aberta o suficiente para acreditar em reencarnação, mas tão fechada que não posso divagar sobre Beren e Lúthien terem realmente existido sem me achar louca.
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Enfim, eu gostaria de ser Lúthien. Bela, imortal, leve, amante de tudo o que é belo, em paz consigo, com a natureza e com o próximo. A estrela vespertina vivendo na Terra. E Lúthien foi amada tão intensamente que todo e qualquer obstáculo que surgisse seria vencido, até que ela conseguisse viver do melhor modo que pudesse desejar.
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A história de Romeu e Julieta é um drama, uma tragédia, não um romance. Quando se trata de Shakespeare eu prefiro “Otelo”. Não pelo amor, mas pelo retrato dos homens. Homens nunca amarão como Beren ou Lúthien. A história deles é sublime, é além, é mitológica. Eles não amam, eles são o amor.
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O autor desse amor, Tolkien, está enterrado ao lado de sua mulher. Ele amou Edith Bratt desde os dezoito anos, quando a conheceu, até seu último momento. Na lápide dela está escrito seu nome de casada e “Lúthien”, já na dele está escrito “Beren”. É a mais simples e a mais bela declaração de amor de que já tomei conhecimento em toda a minha vida.
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Para finalizar, a história de Beren e Lúthien tal como foi contada nas páginas de “O Senhor dos Anéis”:
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“The leaves were long, the grass was green,
The hemlock-umbels tall and fair,
And in the glade a light was seen
Of stars and shadow shimmering.
Tinúviel was dancing there
To music of a pipe unseen,
And light of stars was in her hair,
And in her raiment glimmering.
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‘There Beren came from mountains cold,
And lost he wandered under leaves,
And where the Elven-river rolled
He walked alone and sorrowing.
He peered between the hemlock-leaves
And saw in wonder flower of gold
Upon her mantle and her sleeves,
And her hair like shadow following.
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‘Enchantment healed his weary feet
That over hills were doomed to roam
And forth he hastened, strong and fleet,
And grasped at moonbeams glistening.
Through woven woods in Elvenhome
She lightly fled on dancing feet,
And left him lonely still to roam
In silent forest listening.
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‘He heard there oft the flying sound
Of feet as light as linden-leaves,
Or music welling underground,
In hidden hollows quavering.
Now withered lay the hemlock-sheaves,
And one by one with sighing sound
Whispering fell the beechen leaves
In the wintry woodland wavering.
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‘He sought her ever, wandering far
Where leaves of years were thickly strewn,
By light of moon and ray of star
In frosty heavens shivering.
Her mantle glinted in the moon,
As on a hill-top high and far
She danced, and at her feet was strewn
A mist of silver quivering.
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‘When winter passed, she came again,
And her song released the sudden spring
Like rising lark, and falling rain,
And melting water bubbling.
He saw the elven-flowers spring
About her feet, and healed again
He longed by her to dance and sing
Upon the grass untroubling.
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‘Again she fled, but swift he came.
Tinúviel! Tinúviel!
He called her by her elvish name;
And there she halted listening.
One moment stood she, and a spell
His voice laid on her: Beren came,
And doom fell Tinúviel
That on his arms lay glistening.
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‘As Beren looked into her eyes
Within the shadows of her hair,
The trembling starlight of the skies
He saw there mirrored shimmering.
Tinúviel the elven-fair,
Imortal maiden elven-wise,
About him cast her shadowy hair
And arms like silver glimmering.
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‘Long was the way that fate them bore,
O’er stony mountains cold and grey,
Through halls of iron and darkling door,
And woods of nightshade morrowless.
The Sundering Seas between them lay,
And yet at last they met once more,
And long ago they passed away
In the forest singing sorrowless.”

6 comentários:

  1. Ah, Re, às vezes é preciso ter uma visão romântica das coisas. Acreditar no amor incondicional. O difícil não é acreditar nele; é descobrí-lo nesse mundo estranho.
    Hoje não me sinto inspirada para escrever coisas bonitas. Mas desejo que todos nós possamos ser o amor também.
    Saudades!
    Beijos!

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  2. Quando é que realmente nós podemos ser "o amor"? Acho que é muito complicado isso existir.

    É a primeira vez que tenho contato com a história deste casal. Me impressionei com o fato de que os dois sejam amantes, numa intensidade tão diferente. Podemos dizer, única.

    Infelizmente, se muitos soubessem que, de fato, tal coisa existiu, acho que acreditariam que o amor puro é possível. Mas as palavras, para muitos, são como o vento.

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  3. Quando eu li O Silmarillion, nem achei a história de Beren e Luthien tao bonita assim. De certo, a dedicatória de Tolkien a sua esposa é muito mais bela que a da literatura. (nota que nao acrescenta nada: sem dúvida, Maeglin é o personagem mais interessante do livro). Mas já que o assunto é amor, também não acho que Arwen e Aragorn fazem um par muito digno de nota. Um amor verdadeiro é o do dia-a-dia. Que consegue ser sublime mesmo quando os dois não são tão bonitos e nem tão sábios e nem estão realizando obras grandiosas. Um amor que merece ser chamado de amor é aquele que sobrevive ao cotidiano sufocante e que, ainda assim, tem certa luz. Muito tênue, mas indestrutível.

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  4. que trecho lindo! esse tipo de amor assim, sublime, é de fazer qualquer um babar...
    acho que concordo com a su, os amores que sobrevivem à rotina são, esses sim, os mais fortes e especiais... mas é de sonhar um amor igual ao do florentino ariza e da fermina daza, do livro O amor nos tempos do cólera. o florentino esperou por ela exatamente cinqüenta e um anos, nove meses e quatro dias, sem nunca deixar ter a convicção de que um dia ela o ia aceitar...

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  5. Eu desisti de pensar e desejar o amor.

    O amor está tão presente em toda parte, em filmes, em livros, em programas de tv, em novelas, em outras pessoas, e, ao mesmo tempo, me parece a coisa mais distante e inatingível do mundo. O meu maior desejo era amar e ser amada. É triste saber que esse é um desejo tão impossível, pra mim, quanto voar ou sem invisível.

    O amor é uma coisa ambígua, é uma coisa que nos leva aos céus e ao inferno, é algo que todos desejamos e nem sempre encontramos, o que é estranho, se for pensar.

    Mas vou plagiar a Carla e dizer que não me sinto inspirada pra escrever coisas bonitas nos ultimos tempos.

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  6. Ficou legar o banner do meu blog... quando tiver tempo, tenho que dar uma nova atualizada nos links

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