Terminei meu ensaio!!! Terminei meu ensaio!!! Finalmente terminei meu ensaio!!! Eu achei que nunca iria conseguir conclui-lo... Bom, ele poderia ter sido mais longo, mas eu não tinha mais nada a dizer... O título acabou ficando "Jornalismo como campo perito invertido", mesmo sendo um título sem sentido. Eu pensei em mudar para "Legitimidade Jornalística", mas além de não ter me apaixonado por esse título (onde já se viu alguém apaixonado por um título?) eu precisava dar mais uma enrolada para fazer o ensaio ficar próximo de um tamanho decente, então decidi concluir tentando fazer o título ficar compreensível. No final eu ainda mudei a fonte e consegui fazer o ensaio ficar em três páginas com a última praticamente cheia. Eu não sei se a professora vai gostar e não faço idéia da nota que mereço. Vou colocar ele aqui, peço para aqueles que tiverem paciência de ler me contarem se tem algum erro antes da próxima quarta, assim eu posso arrumar e, mesmo achando um erro não me contem depois de quarta, ou eu entrarei em pânico. Já agradeço às pessoas de alma caridosa.
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Jornalismo como campo perito invertido
Renata Bossle
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A idéia de campo jornalístico procura situar a atividade jornalística no abstrato mundo povoado pela ciência, pela arte e pela religião. A análise do jornalismo como um sistema perito procura entender o funcionamento interno do campo jornalístico. A teoria marxista do conhecimento, por sua vez, quando aplicada ao jornalismo, procura entender o funcionamento da atividade jornalística localizando-a em uma sociedade capitalista.
A idéia de campo jornalístico procura situar a atividade jornalística no abstrato mundo povoado pela ciência, pela arte e pela religião. A análise do jornalismo como um sistema perito procura entender o funcionamento interno do campo jornalístico. A teoria marxista do conhecimento, por sua vez, quando aplicada ao jornalismo, procura entender o funcionamento da atividade jornalística localizando-a em uma sociedade capitalista.
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De acordo com Nelson Traquina, o jornalismo como entendido hoje é fruto das lutas pela liberdade, só assumindo sua real forma nos sistemas democráticos. Foi, a partir de então, “capaz de projetar sua ordem axiológica própria e autônoma com força suficiente para se autonomizar” (Rodrigues, 1990, p. 155). Esse surgimento do jornalismo como um campo social influente e que acabou por tornar-se uma verdadeira “rede conectiva” entre os campos foi, na realidade, o aparecimento de uma determinada característica no jornalismo já existente: a legitimidade[1]. É ela, a legitimidade, que define o jornalismo como um campo, capaz de fazer com que ele tenha credibilidade e se caracterize como um sistema e que, para a teoria marxista, faz com que a notícia seja objetiva.
De acordo com Nelson Traquina, o jornalismo como entendido hoje é fruto das lutas pela liberdade, só assumindo sua real forma nos sistemas democráticos. Foi, a partir de então, “capaz de projetar sua ordem axiológica própria e autônoma com força suficiente para se autonomizar” (Rodrigues, 1990, p. 155). Esse surgimento do jornalismo como um campo social influente e que acabou por tornar-se uma verdadeira “rede conectiva” entre os campos foi, na realidade, o aparecimento de uma determinada característica no jornalismo já existente: a legitimidade[1]. É ela, a legitimidade, que define o jornalismo como um campo, capaz de fazer com que ele tenha credibilidade e se caracterize como um sistema e que, para a teoria marxista, faz com que a notícia seja objetiva.
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Para que o prosseguimento do texto ocorra sem problemas é necessária a definição de legitimidade e a sua diferenciação de credibilidade. Credibilidade é a qualidade do que é crível, ou seja, do que é acreditável. Legitimidade, por sua vez, é a qualidade ou estado de legitimo, sendo legítimo algo fundado no direito, na razão ou na justiça; algo autêntico, genuíno; algo lógico, procedente. Assim sendo, a credibilidade ocorre no jornalismo quando os não-membros do campo acreditam nas informações transmitidas, sendo que podem ocorrer crises, já a legitimidade é uma característica do jornalismo realizado por peritos, por profissionais. A legitimidade faz parte do jornalismo, um campo atuante em uma sociedade democrática, como exemplifica Pierre Bourdieu:
Para que o prosseguimento do texto ocorra sem problemas é necessária a definição de legitimidade e a sua diferenciação de credibilidade. Credibilidade é a qualidade do que é crível, ou seja, do que é acreditável. Legitimidade, por sua vez, é a qualidade ou estado de legitimo, sendo legítimo algo fundado no direito, na razão ou na justiça; algo autêntico, genuíno; algo lógico, procedente. Assim sendo, a credibilidade ocorre no jornalismo quando os não-membros do campo acreditam nas informações transmitidas, sendo que podem ocorrer crises, já a legitimidade é uma característica do jornalismo realizado por peritos, por profissionais. A legitimidade faz parte do jornalismo, um campo atuante em uma sociedade democrática, como exemplifica Pierre Bourdieu:
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“Certas ‘análises’ da televisão deveram seu sucesso com os jornalistas, sobretudo os mais sensíveis ao efeito do índice de audiência, ao fato que conferem uma legitimidade democrática à lógica comercial, contentando-se em colocar em termos de política, portanto, de plebiscito, um problema de produção e de difusão culturais”. (BOURDIEU, 1997, p. 110).
“Certas ‘análises’ da televisão deveram seu sucesso com os jornalistas, sobretudo os mais sensíveis ao efeito do índice de audiência, ao fato que conferem uma legitimidade democrática à lógica comercial, contentando-se em colocar em termos de política, portanto, de plebiscito, um problema de produção e de difusão culturais”. (BOURDIEU, 1997, p. 110).
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Para observarmos o funcionamento do jornalismo como um sistema perito é facilmente perceptível que se necessita da legitimidade em vigor, só assim os diversos critérios de noticiabilidade podem ser observados e analisados. Esses critérios são os responsáveis por levar credibilidade à notícia, ou seja, existe o domínio de normas para a ocorrência de uma valoração por parte do público a uma notícia específica. A necessidade de uma alta valoração, da promoção de um veículo através da credibilidade que possui – ou que aparentemente possui – é parte integrante do contexto competitivo em que o veículo se inclui e é a principal causa da uniformidade de informações, a qual “é reforçada pelo recurso às agencias de notícias” (Prudencio, 2006). As agências possuem um papel central nesse caso, pois são elas as responsáveis pelos critérios de noticiabilidade vigentes.
Para observarmos o funcionamento do jornalismo como um sistema perito é facilmente perceptível que se necessita da legitimidade em vigor, só assim os diversos critérios de noticiabilidade podem ser observados e analisados. Esses critérios são os responsáveis por levar credibilidade à notícia, ou seja, existe o domínio de normas para a ocorrência de uma valoração por parte do público a uma notícia específica. A necessidade de uma alta valoração, da promoção de um veículo através da credibilidade que possui – ou que aparentemente possui – é parte integrante do contexto competitivo em que o veículo se inclui e é a principal causa da uniformidade de informações, a qual “é reforçada pelo recurso às agencias de notícias” (Prudencio, 2006). As agências possuem um papel central nesse caso, pois são elas as responsáveis pelos critérios de noticiabilidade vigentes.
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O jornalismo dominado pelas agências tem como uma de suas características mais óbvias, quanto à apresentação da notícia, o formato em pirâmide invertida, com o lead sendo considerado a localização das informações mais essenciais para a compreensão da notícia. Adelmo Genro Filho, entretanto, escreve sobre a pirâmide sobre sua base – em oposição a já mencionada pirâmide invertida – na teoria marxista que publicou em 1989. Nessa teoria, a singularidade é apresentada como categoria central de um jornalismo onde a idéia de imediatismo acaba por reduzir a presença da particularidade e da universalidade, mas sem suprimi-las. Ele afirma que:
O jornalismo dominado pelas agências tem como uma de suas características mais óbvias, quanto à apresentação da notícia, o formato em pirâmide invertida, com o lead sendo considerado a localização das informações mais essenciais para a compreensão da notícia. Adelmo Genro Filho, entretanto, escreve sobre a pirâmide sobre sua base – em oposição a já mencionada pirâmide invertida – na teoria marxista que publicou em 1989. Nessa teoria, a singularidade é apresentada como categoria central de um jornalismo onde a idéia de imediatismo acaba por reduzir a presença da particularidade e da universalidade, mas sem suprimi-las. Ele afirma que:
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“(...) a singularidade é reificada pela compreensão espontânea do jornalista, que acaba aceitando implicitamente a particularidade e a universalidade sugeridas pela imediaticidade e reproduzidas pela ideologia dominante”. (GENRO FILHO, 1989, p. 155).
“(...) a singularidade é reificada pela compreensão espontânea do jornalista, que acaba aceitando implicitamente a particularidade e a universalidade sugeridas pela imediaticidade e reproduzidas pela ideologia dominante”. (GENRO FILHO, 1989, p. 155).
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As idéias de Adelmo Genro Filho diferem-se das apresentadas anteriormente, pois ele caracteriza o jornalismo como uma forma de conhecimento em que a singularidade não apenas é necessária como é o foco central. O jornalismo é também visto como um elemento de manutenção do sistema capitalista ou, melhor dizendo, da ideologia dominante. Sob esse aspecto a legitimidade jornalística é vital para o funcionamento do sistema capitalista democrático, sendo parte dele e não somente um fruto. Existe aí não uma contradição, mas uma complementação ao que foi apresentado no início desse texto. Assim, pode-se dizer que o jornalismo e a democracia tiveram seu desenvolvimento simultaneamente até o estágio atual, pois criaram uma dependência entre si que impede o pleno desenvolvimento de um quando não há a presença do outro, ou seja, a democracia sem o jornalismo perde as características que a definem como tal, deixando de ser democracia e o jornalismo existente em um sistema de características autoritárias perde sua autonomia e, conseqüentemente, sua legitimidade.
As idéias de Adelmo Genro Filho diferem-se das apresentadas anteriormente, pois ele caracteriza o jornalismo como uma forma de conhecimento em que a singularidade não apenas é necessária como é o foco central. O jornalismo é também visto como um elemento de manutenção do sistema capitalista ou, melhor dizendo, da ideologia dominante. Sob esse aspecto a legitimidade jornalística é vital para o funcionamento do sistema capitalista democrático, sendo parte dele e não somente um fruto. Existe aí não uma contradição, mas uma complementação ao que foi apresentado no início desse texto. Assim, pode-se dizer que o jornalismo e a democracia tiveram seu desenvolvimento simultaneamente até o estágio atual, pois criaram uma dependência entre si que impede o pleno desenvolvimento de um quando não há a presença do outro, ou seja, a democracia sem o jornalismo perde as características que a definem como tal, deixando de ser democracia e o jornalismo existente em um sistema de características autoritárias perde sua autonomia e, conseqüentemente, sua legitimidade.
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A técnica da pirâmide invertida, ao analisarmos o jornalismo segundo a teoria de Genro Filho, acaba por ser entendida como uma simplificação da função atribuída ao jornalismo, ou seja, é a forma prática e, de certo modo, mecanizada da singularização da notícia apresentada em uma sociedade como a presente.
A técnica da pirâmide invertida, ao analisarmos o jornalismo segundo a teoria de Genro Filho, acaba por ser entendida como uma simplificação da função atribuída ao jornalismo, ou seja, é a forma prática e, de certo modo, mecanizada da singularização da notícia apresentada em uma sociedade como a presente.
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O jornalismo em posse de uma plena legitimidade, então, apresenta-se como um campo social de extrema responsabilidade dentro da sociedade democrática. Ele passa a funcionar como um sistema possuidor de um monopólio de saber – nesse caso as notícias – e capaz de criar suas próprias normas internas – os critérios de noticiabilidade –, ou seja, ele torna-se um sistema perito. Além disso, o jornalismo mostra-se como o responsável por apresentar o singular à sociedade – esperando-se que ele não ignore por completo a transmissão dos contextos particular e universal do fato –, de maneira que o modo de vida corrente e as virtudes que esse modo considera relevantes tornem-se o plano de fundo da notícia, isso seria resumido de maneira prática com a técnica da pirâmide invertida. Assim sendo, o jornalismo é um campo social, um sistema perito e funciona em sua prática rotineira através da pirâmide invertida.
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O jornalismo em posse de uma plena legitimidade, então, apresenta-se como um campo social de extrema responsabilidade dentro da sociedade democrática. Ele passa a funcionar como um sistema possuidor de um monopólio de saber – nesse caso as notícias – e capaz de criar suas próprias normas internas – os critérios de noticiabilidade –, ou seja, ele torna-se um sistema perito. Além disso, o jornalismo mostra-se como o responsável por apresentar o singular à sociedade – esperando-se que ele não ignore por completo a transmissão dos contextos particular e universal do fato –, de maneira que o modo de vida corrente e as virtudes que esse modo considera relevantes tornem-se o plano de fundo da notícia, isso seria resumido de maneira prática com a técnica da pirâmide invertida. Assim sendo, o jornalismo é um campo social, um sistema perito e funciona em sua prática rotineira através da pirâmide invertida.
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Referências Bibliográficas
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BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Apêndice A influência do Jornalismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
GENRO FILHO, Adelmo. O segredo da pirâmide. Para uma teoria marxista do jornalismo. Porto Alegre: Ortiz, 1989.
PRUDENCIO, Kelly. A Perícia Jornalística. Curitiba: 2006.
RODRIGUES, Adriano D. Estratégias de Comunicação. Lisboa: Presença, 1990.
TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo. Porque as notícias são como são. Vol 1. Florianópolis: Insular, 2004.
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[1] A legitimidade mencionada nesse ensaio é a que Adriano Duarte Rodrigues chama de legitimidade delegada, a qual é uma legitimidade externa. A legitimidade interna, conseguida através do reconhecimento pelos pares, é relativa ao indivíduo jornalista e, portanto, não será vista nesse texto, o qual procura tratar do jornalismo em si e não de seus agentes.
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Apêndice A influência do Jornalismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
GENRO FILHO, Adelmo. O segredo da pirâmide. Para uma teoria marxista do jornalismo. Porto Alegre: Ortiz, 1989.
PRUDENCIO, Kelly. A Perícia Jornalística. Curitiba: 2006.
RODRIGUES, Adriano D. Estratégias de Comunicação. Lisboa: Presença, 1990.
TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo. Porque as notícias são como são. Vol 1. Florianópolis: Insular, 2004.
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[1] A legitimidade mencionada nesse ensaio é a que Adriano Duarte Rodrigues chama de legitimidade delegada, a qual é uma legitimidade externa. A legitimidade interna, conseguida através do reconhecimento pelos pares, é relativa ao indivíduo jornalista e, portanto, não será vista nesse texto, o qual procura tratar do jornalismo em si e não de seus agentes.
Com vc tem coragem de pôr seu ensaio aki? Como diz a Thaíse, vc não sabe qto está o argumento do ensaio da Kelly no mercado negro? Q perigo!
ResponderExcluirBom, não li, então não vou achar erros mas nem deve ter!
Bjaum!